Grande Poeta Marco Orsi


VOZES DO SILÊNCIO

É noite de lua cheia,

O céu está muito azul,

Aqui pras bandas do sul.

Estrelas cintilantes contracenam,

Com os vaga-lumes, que ensaiam,

Um bailado delirante.


O minuano sopra suavemente,

O orvalho despendido da noite,

Transformou-se em geada,

Que deixa a pampa congelada,

Como um lençol branco,

Estendido sobre o campo.


Aqui. Acolá. Ouve-se o mugido

De alguma rês desgarrada.

Ouve-se de um cão o latido.

O muxoxo da coruja esperta,

O quero-quero sempre alerta,

Que é a sentinela dos pampas,


Correndo rasteiro ao chão,

Avisa de qualquer aproximação.


Sentado, ao lado do fogo de chão,


Mateando o chimarrão,

Um gaúcho solitário, lança um olhar,

Para averiguar, o que se passa.

E bem ao longe, lá no horizonte,


Pode perceber como se fosse mágica


Os raios prateados da lua,


Descendo sobre a terra nua,

Desenhando figuras mitológicas.


Nestas noites, de grande silêncio,

Ouve-se as vozes dos combatentes,

Farroupilhas, e o tilintar dos facões

Em batalhas estridentes,

Intermináveis, como furacões.

São as almas dos que tombaram,

Nos combates e ainda procuram,

Os filhos, maridos, esposas, irmãos,

Mães e amigos que ali tombaram.

E se extraviaram, pelas páginas,


Sem recompensa ou glória


De nossa venerável história.



Marco Orsi

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